quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

__MagiaS__

Existem magias que colidem contra a alma como lâmpadas de mercúrio, formas que ardem no céu como sorrisos de crianças que ecoam nas águas, um estranho murmúrio na monção. Há, no bosque uma geada circunscrita, sono de uma carta, uma letra que outrora fora dita. Há, na alma da floresta um girassol opalino, uma vereda subterrânea que desemboca numa língua submersa de paixão, àquele timbre que escala o sino, àquele laço que arrepia dois corpos em um só coração. Há, um fenómeno intenso no modo como a estação despe e enfeita a ramagem, o modo como a mulher assalta o coração de um homem, uma árvore de cera que arde no peito, meia dúzia de luzes que devoram no acender dos olhos, ou nas mil labaredas que ardem no magnetismo entre dois corações. De extremo a extremo, sopro a sopro, o sonho expede como viagem em febre, é por entre sombras e desenhos que a paisagem decifra o mistério e milagre, o verso que imploro pelo teu aconchego…amplidão, é este o teu nome, mulher de sentidos encantos e divina rebentação. Cabe no sonho…o meio das nossas bocas, um retrato escrito nas paredes incendiadas das mesmas, vírgulas e vírgulas de lânguidas formas ou sílabas cruzadas no êxtase das nossas línguas, há, no sonho uma estrela que se infiltra no nosso suor, que tremula e rutila como inesperada vaga que banha os limos de puras seivas, há, uma estrela que escorre das nossas mãos para o eixo dos nossos peitos. Quando a luz do teu corpo colide contra a sombra do meu dá-se uma transacção de átomos. É estranha, a forma suicida dos mesmos. Há, no sonho uma floresta prateada com ramagens vermelhas cobertas de prata até aos tornozelos, como neblina nas sardas do teu corpo. É estranha a rotação de imagens exposta à tua luz. No sonho, nesta nocturna vigília existe sempre uma testemunha…uma estrela de mil colisões…cúmplice dos amantes…Lua das cativas paixões…