terça-feira, 25 de dezembro de 2007

AnalogilhA


As palavras desta terra são vinha, imprevista vertigem, urze e faia de esplendorosa erosão. A mesa de basalto é fulgor de um Sol ancião…Ah, muitas foram as almas que beberam a água, a ultima gota deste eterno coração. Um pássaro branco atravessa a ilha nos olhos de uma criança, um cabelo solta-se, filamento de uma coroa em cintilação onde alguém acena com uma lenço de água rente a uma nostalgia. Uma ilha é um coração, verbo de mulher e enredo de eucalipto no vórtice da mão. Digo, ser ilhéu, é ser olhar, alma e corpo da ilha, é ser pedaço, sonho e melancolia, é ser marouço descalço na luz do dia e, semente de um ribeiro no olhar da solidão, é ser lonjura e ausência, fragrância e inocência, ou voz que se queda no silêncio de um lábio em aromas de excitação. A memória escurece o olhar, um rumor ecoa no chão, penumbra e encanto em mística deambulação, cântaros de letras partem e derramo a profecia numa guitarra contra a noite, traço de uma lágrima que entardece no clamor de um acoite. Morri e renasci mil vezes e, no amor renasci outras mil, ardo e respiro, acalmo e suspiro, mas caminho no teu destino, candura de uma noite ou chuva colorida entre o fogo que nos consome e o êxtase fugidio. Saibas, minha Ilha, ninguém vê como eu a sombra tombada nos pátios do teu coração, o segredo do teu nome, a estação do teu olhar ou a descalça palavra que arde nos destroços da tua frágil perturbação. Ente nós, existe um tinir de sinos, uma melodia solar, uma concha de idílico beijar, chapéu de rosas em abas de cumplicidade, entre nós, existem silhuetas que adormecem nos jardins da nossa silenciosa eternidade. Solto nas folhas dos jarro o silêncio do meu pensamento, a humidade dos meu olhar…liberto o passado, a insónia junto ao fogo, a íngreme baía do nosso encantamento…deixo na maré as minhas letras…para encontrarem o sonho…a semente do teu pensamento…

sábado, 8 de dezembro de 2007

AmenA

Extrema é a brandura de acordar nos lagos do coração, onde o sol da alvorada é súbito recordar de uma sina, paraíso perdido onde a pressa cresce torneando-te numa mulher sendo ainda menina, som e susto, lâmina ardente onde o gesto é beijo que pinga em elevação. É uma inquietude inteira, este abraço de brasa acesa onde o fogo se perde no crepitar de uma lareira…Ah, ninho de amor, qual Olimpo torneado em mítica grandeza, poeira me é, quando comparado ao olhos da tua beleza, saibas, que troco os sonhos de todos os deuses por um pequeno naco de um beijo teu, o sorriso da lua por uma sombra do teu aconchego e o aroma do ocaso por um filamento do teu cabelo. Embalo-me em amenas águas e uno a rosa ao coração, troco o tempo pelas asas de um voar perfeito, na jarra enfeito as cores de um pavão em delírio e converto o punhal numa pena onde escrevo com as mais belas letras da paixão. A lágrima de um cisne, é voraz desejo que amassa o coração, agrura de uma vida e viagem ao cume da emoção. Perco-me na tua pérola, seja ela névoa, cela ou ainda rosa ruiva e amarela. Ignoram muitos, que amar é querer além da fantasia, é amar em si e não saber de tanto querer que um dia se vai morrer, é perseguir a paixão até ao fim onde nada mais existe para amar e ainda, poder amar um outro tanto até noutro corpo voltar a renascer. Não te digo, tanto quanto quero, nem quanto sonho, não te conto sequer porque imagino seres desejo de carmim na boca, é verdade, morro de sede perto dos teus lábios e a palavra prende-me na voz que fica rouca. Promete ficar sempre junto a mim desconhecendo o tiro e o disparo, confessa seres o fogo da paixão enquanto sou voo e desamparo, se o delírio for pouco acende estrelas no meu corpo debruçado e diz-me que o ponteiro parou no nosso desvario e se alguma vez sentirmos frio, então aquecer-nos-emos no peito do nosso apaixonado rosário. Doce cisne, deixa-me guardar o teu olhar, brotar as águas amenas e percorrer os lábios na vertigem do teu dorso, trocar a penumbra pelas penas do teu amar e deixar as minhas asas encontrarem a delicada sombra do teu pescoço…