sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

AcreditO


Acredito que haja no amor eternidade, como cavalos brancos trovejando dentro das pedras, alados seres de asas cavadas que procuram a energia e luz daquela heroína das fábulas. Acredito que haja no espaço sideral um violino que ecoa na pele das estrelas, um parapeito onde o Universo se inclina para admirar a orla da Lua, sentença e doutrina, corda de um novelo colado à loucura…à procura da palavra Amar. Acredito na parábola dos olhos, aquelas bolhas que os astrónomos ignoram e ousam desvendar. Acredito que a gramática desmantelada é sombra do nosso segredo, gesto e memória, quando não é a treva que rutila numa desordem geral de traços e linhas indefinidas de um coração. Acredito que somos testemunhas do crime que cometemos, que por vezes, é nos árduo olhar para dentro e julgar o seu retratista. Acredito que muitos desconhecem a cor incendiada que mora num cabelo, incêndio que para mim, é como o primeiríssimo Sol, um vislumbre dentro de um sonho, formigueiro que se esconde sob os versos da língua ou sorriso que inflama o horizonte num eterno pôr-do-sol. Acredito que o amor jaz em toda a laje banhada pela maré, limo ou vincada alga à deriva da sua fé, que à soleira do sonho mora a vertigem, o avesso da mão que empurra a tristeza que ele deixa, que contrai e espreme num purpúreo gotejar de dor, preciso é, conhecer o principio e fim, manhã e noite, pétala e raiz para digerir lentamente este desamor. Acredito que os astros se apoderam do nosso corpo, um frasco com a nossa vida dentro e que a meio de um sonho se estilhaça noutra dimensão, talvez numa outra Lua, pétala ou até num prisma de cores em aluada explosão. Acredito que o amor é a máxima aceleração que sentimos no coração, mas sujeito está à incerteza do sentimento, quanto mais sabemos acerca da sua velocidade, menos sabemos da sua posição. É em tudo isto que acredito, mas isso sou eu…talvez um homem ou um Mago…talvez tudo e talvez nada….